sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Atenção ao Paracetamol

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Levantamento epidemiológico envolveu mais de 200 mil crianças
Estudo associa uso de paracetamol a maior risco de asma infantil

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Os investigadores sublinham que o paracetamol é ainda a melhor resposta para a febre de uma criança e que os resultados do estudo não alteram as actuais recomendações internacionai, ou seja, administrar paraceptamol apenas quando a tempretaura do bebé atinge os 38,5 graus.
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Os resultados do estudo divulgado ontem na edição especial da The Lancet mostram apenas uma relação de associação e não de causalidade entre o paraceptamol e os casos de asma e também de um aumento da severidade dos sintomas.
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Trata-se de uma das fases do estudo epidemiológico de larga escala (ISAAC - Estudo Internacional da Asma e Alergias na Infância) que envolveu mais de 205 mil crianças com seis e sete anos de 31 países.
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Os investigadores inquiriram os pais das crianças sobre o uso do analgésico durante os primeiro ano de vida do bebé e também durante os 12 meses anteriores ao inquérito. Resultados: o uso de paracetamol durante os primeiros doze meses de vida foi associado a um aumento de 46 por cento do risco de sofrer os sintomas de asma em crianças entre os seis e sete anos (em qualquer dos países).
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No caso do consumo nos 12 meses anteriores ao estudo (ou seja, crianças com seis e sete anos) o risco aumenta para os 61 por cento. “O estudo constata factos, não os explica”, adverte Libério Ribeiro, pediatra e médico especialista em imunoalergologia, contactado pelo PÚBLICO, insistindo também que os pais devem continuar a optar pelo paracetamol (sobretudo nos casos de doenças como a asma).
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Segundo adianta, cerca de 90 por cento dos casos de asma são hereditários e, por outro lado, o facto de um bebé tomar mais paracetamol pode apenas significar que teve mais febres, é mais susceptível a sofrer infecções e que, por isso, pode ter mais doenças alérgicas como a asma.
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O médico reconhece a importância do ISAAC mas considera que este deve ser encarado como “um ponto de partida para estudos mais aprofundados”. Os próprios investigadores responsáveis pelo estudo concordam e sublinham que, para declarar uma relação de causalidade, era necessário um ensaio clínico com grupos de controlo.
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No entanto, a equipa liderada por Richard Breasley, do Instituto de Investigação Médica da Nova Zelândia, admite que há diversos factores que podem influenciar o aparecimento da asma e outras doenças alérgicas. Mas, conclui, “um deles pode ser o uso do paracetamol. É uma importante hipótese que deve ser explorada”.
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Em Portugal, a asma infantil regista uma taxa de incidência que ronda os 12 por cento. (Público)
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