domingo, 26 de abril de 2009

Gravidez dentro da menopausa pode tornar-se realidade

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Estudo
Gravidez depois da menopausa pode tornar-se realidade

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Investigadores chineses prometem avanços na medicina contra a menopausa precoce, que atinge 1,1% da população feminina mundial, e no tratamento da infertilidade. Médicos portugueses mostram-se cépticos quanto aos resultados.
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Durante seis anos tentou de tudo, numa luta contínua contra o tempo. Aos 32 anos, numa altura em que muitas mulheres pensam em constituir família, Ana via-se a braços com os primeiros sintomas da menopausa. Apesar de se ter subme-tido a vários tratamentos, aos 38 anos ficava menstruada pela última vez. Calcula-se que uma em cada mil portuguesas sofra de menopausa precoce.
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"Sempre desconfiei que era diferente", analisa Ana, acrescentando: "Aos 18 anos tive o período apenas duas vezes. Mas na altura não dei muita importância. Estava mais preocupada com a entrada na faculdade e pensava que tinha sido por isso." Hoje com 40 anos, casada e sem filhos, está mais resignada e pensa em adoptar uma criança.
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Ana é uma entre muitas mulheres que sofrem de menopausa precoce, uma situação que surge quando os ovários deixam de funcionar antes dos 40 anos. Um estudo do Colégio Rush Medical, de Chicago, nos Estados Unidos, indica que o problema atinge 1,1% da população feminina mundial (ver caixa).
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Mas agora uma investigação da Universidade Jiao Tong, de Xangai, relança a esperança para estas mulheres, ao abrir caminhos para o adiamento da menopausa. Os cientistas chineses conseguiram de-senvolver, pela primeira vez, ovócitos (células sexuais femininas) a partir de células estaminais retiradas de ovários. O estudo, publicado na última edição da Nature Cell Biology, foi realizado em pequenos ratos de laboratório, mas abre expectativas para a gravidez pós-menopausa em humanos. Os investigadores acreditam que também as mulheres possuirão células estaminais nos ovários que permitam gerar mais ovócitos no decorrer da vida.
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A investigação não convence, contudo, a maioria dos obstetras e ginecologistas contactados pelo DN. Manuel Neves e Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Menopausa, mostra-se céptico em relação aos efeitos práticos da descoberta. "Uma mulher nasce com um número mais ou menos certo de ovócitos, cerca de dois milhões, que vai gastando progressivamente até à menopausa", explica o ginecologista-obstetra, acrescentando: "Para a investigação ter efeito as células estaminais teriam de ser retiradas dos ovários enquanto estes ainda mantinham um funcionamento normal." Segundo o especialista, não é nem será possível retardar a menopausa: "Consegue-se diminuir os seus efeitos hormonais com tratamentos de compensação, mas não se consegue abrandar a falência dos ovários", frisa.
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João Silva Carvalho, do Centro de Estudos e Tratamento da Infertilidade, assina por baixo. "A menopausa acontece quando o reservatório dos ovócitos se esgota. Prolongar a menopausa ou modificar este processo de perda ao longo da vida não me parece possível", salienta.
Já Pedro Canas Mendes, ginecologista-obstetra e ex-director do Hospital Curry Cabral, considera a investigação "uma proposta científica interessante", apesar de pedir cautela na sua aplicação prática e na percepção dos riscos que pode trazer para a vida da mulher. "Parece-me uma descoberta viável, mas também é preciso perceber se é eticamente desejável", sustenta.
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É entre os 45 e os 55 anos que normalmente começam a aparecer os primeiros sintomas da menopausa, como os ciclos irregulares, afrontamentos e alterações de humor. Mas para as mulheres com menopausa precoce estes efeitos são ainda mais intensos.
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No caso de Maria dos Anjos, que perdeu a menstruação aos 40 anos, os problemas surgiram ao nível cardíaco. "Sentia-me muito aflita do coração e havia vezes que pensava que ia morrer. Tive de ser medicada durante anos, mas depois passou", conta a doméstica, hoje com 55 anos.
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Mas se para algumas mulheres as causas da menopausa estão relacionadas com uma predisposição genética, há outros casos em que a menopausa surge por razões clínicas. Sónia tinha 30 anos quando lhe foi diagnosticado cancro na mama. Depois de várias sessões de químio e radioterapia, o sonho de ser mãe caiu por terra. Hoje com 34 anos assume que já se sentiu diminuída enquanto mulher, mas teve de aceitar: "Inicialmente foi muito difícil. Tive de aprender a viver com o problema".
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Ana Rosa Costa, obstetra do Hospital de São João, no Porto, olha para a investigação da Universidade Jiao Tong como uma mais-valia nas mulheres com patologias graves, como no caso da Sónia. "A recolha das células estaminais tem é de ser feita antes de se começarem os tratamentos", sublinha, explicando que a menopausa precoce traz mais riscos de osteoporose, problemas cardíacos e secura vaginal. Por outro lado, "a menopausa tardia comporta mais riscos como o aparecimento do cancro da mama". (Diário de Notícias)
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1 comentário:

Anónimo disse...

Como é possivel ao fim de três anos sem periodo ele voltar se estava em situação de menopausaá alguns anos,tenho 48 anos e esta-me a preocupar o risco que corro etc............
or