quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Especialistas condenam prescrição de psicofármaco Ritalina a menores de cinco anos

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Aconselhado apenas para casos extremos
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Desta vez, os avisos vêm do Reino Unido. As novas linhas orientadoras ditadas pelo National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) referem que o conhecido medicamento chamado Ritalina (nome comercial do metilfenidato) usado para casos de défice de atenção e hiperactividade não deve “em caso algum” ser prescrito a menores de cinco anos e, apenas em último recurso, deve ser usado por crianças mais velhas. Em Portugal, os especialistas sublinham que a prescrição destes fármacos a crianças com menos de 5 anos abrange uma pequena minoria e situações muito especiais.
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As novas directivas britânicas neste campo foram divulgadas hoje pelo diário inglês "The Guardian". Segundo este jornal, os especialistas defendem que antes de receitar Ritalina é preciso assegurar que todas as outras estratégias foram tentadas e falharam. Assim, fala-se numa aposta na formação de pais e professores para que aprendam a lidar com estas situações delicadas antes de simplesmente prescrever o medicamento que acalma a criança. Para a formação é proposto um programa de 12 semanas e apenas nos casos mais graves e como último recurso deve ser usado o psicofarmaco, sublinham. Além disso, o uso destes medicamentos, diz o NICE, deve ser sempre acompanhado de apoio psicológico.
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A prescrição de medicamentos como a Ritalina sempre foi alvo de controvérsia e debate na comunidade científica. Ainda assim, há milhões de crianças em todo o mundo que parecem precisar desta medicação para resolver problemas de desatenção. Em Portugal, o problema deverá afectar entre 3 a 5 por cento da população escolar. “O manancial de experiência adquirido até hoje permite concluir que é um medicamento eficaz e seguro. Temos dados suficientes para concluir que a taxa de complicações a curto e longo prazo é muito baixa”, referiu ao PÚBLICO, o neuropediatra José Carlos Ferreira, especialista nesta área, admitindo que o fármaco pode produzir efeitos secundários já relatados como, por exemplo, palpitações e falta de apetite. “Há sempre muita vigilância nestas situações”, nota. O pediatra Pedro Cabral acrescenta: “É prescrito a muito poucas crianças com menos de cinco anos e com cuidados especialíssimos”, refere, notando que deve ser sempre investigada outra explicação para o problema como perturbações do espectro do autismo.
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Mais drogas na América
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Um estudo publicado hoje na revista Child and Adloescent Psychiatric refere que as crianças norte-americanas são três vezes mais alvo de prescrições de psicofármacos quando comparadas com as europeias. O artigo aponta para possiveis explicações admitindo que este cenário possa estar relacionado com as diferenças nas regras de prática clínica, com sistemas de classificação e diagnóstico distintos, bem como, com questões culturais. “Um reflexo da mentalidade”, referem os autores que apontam para um aumento dos diagnósticos de desordem bipolar nos EUA, A investigação levada a cabo nos EUA envolveu a Alemanha e a Holanda. (Público)
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