terça-feira, 25 de novembro de 2008

Células do olho regeneraram pela primeira vez constituintes da retina em ratinhos vivos

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Artigo na revista "Proceedings of the Natural Academy of Sciences"
Células do olho regeneraram pela primeira vez constituintes da retina em ratinhos vivos

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A retina do olho é fundamental para a visão: recolhe a luz, decifra a cor e transforma os estímulos luminosos em nervosos para que o cérebro decifre a informação e monte uma imagem. É por isso que quando algo corre mal e este tecido se danifica, por doença ou por ferimento, podemos ficar cegos. Infelizmente a retina dos mamíferos não se regenera se for danificada mas, pela primeira vez, cientistas norte-americanos conseguiram pôr um tipo de células da retina a produzir outras células no olho de ratinhos vivos – uma luz ao fim do túnel para combater certos tipos de cegueira.
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Quando os olhos dos peixes e das aves são feridos, as células de Müller têm um papel importante porque regeneram naturalmente o tecido. “Este tipo de célula existe em todos os vertebrados”, disse em comunicado Thomas A. Reh, último autor do artigo publicado na revista “Proceedings of the Natural Academy of Sciences”. “Por isso a fonte celular da regeneração está presente na retina humana”, acrescentou o biólogo, professor na Universidade de Washington.
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As células de Müller têm normalmente funções de suporte das outras células nervosas que se encontram na retina. Nos peixes, quando este tecido é danificado, estas células começam a dividir-se, tornam-se mais simples e diferenciam-se em outras células nervosas, regenerando a retina. As aves também têm esta capacidade, embora esteja menos desenvolvida. Mas no homem (como em todos os mamíferos), as células deixam de proliferar quando somos bebés, e quando o olho é ferido podem reagir e aumentar de tamanho mas não se dividem nem se transformam em outras.
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Vários grupos já conseguiram estimular estas células a proliferar e a diferenciar-se in vitro, utilizando factores de crescimento que reactivam certos genes que estavam silenciados.Agora, os investigadores da Universidade de Washington conseguiram fazer o mesmo em ratinhos vivos. Os cientistas injectaram nos roedores uma substância para destruir células nervosas da retina e, seguidamente, injectaram factores de crescimento.
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As células de Müller responderam aos estímulos e começaram a dividir-se, transformando-se primeiro em células não especializadas e depois diferenciando-se em células amácrinas – que também existem na retina.
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A maioria das novas células morreram nos primeiros dias, mas algumas duraram um mês. Embora seja normal que uma percentagem das células do sistema nervoso morra quando o tecido se está a desenvolver, os cientistas especulam que as novas células necessitam de “estabelecer ligações com as outras células para sobreviverem”, diz o artigo. Apesar de ainda haver muito pela fente, o feito abre portas para novas terapias de doenças e problemas relacionados com a visão.
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