domingo, 24 de agosto de 2008

10% dos médicos das urgências vêm de empresas

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10% dos médicos das urgências vêm de empresas
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Saúde. A maior parte dos hospitais portugueses têm de recorrer aos serviços médicos de empresas. Não só no Verão, mas durante todo o ano. E os custos por hora chegam a ultrapassar o dobro ou o triplo do que é pago a médicos do quadro.
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O problema da falta de médicos nas urgências agrava-se no Verão. No entanto, o recurso às empresas prestadoras de serviços médicos começa a ser uma solução para todo o ano. Vários hospitais admitiram que o peso destes médicos tarefeiros na actividade diária ronda já os 10% a 12%. A situação está longe de agradar aos administradores hospitalares, por ser mais dispendiosa e porque a dedicação dos médicos é sempre diferente quando não integram o quadro. Mas a tendência destes serviços é para aumentar.
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Ninguém sabe quantas empresas prestam esses serviços, embora estejam ligadas à maior parte das unidades hospitalares. Na região do Alentejo, por exemplo, nenhum hospital abdica do contributo: "Sem eles não tínhamos médicos para dar resposta a todos os utentes", diz António Serrano, administrador do Hospital do Espírito Santo (Évora). Pelo menos 20 a 24 tarefeiros trabalham na unidade mensalmente, o que significa que "garantem 12% da actividade da urgência", diz.
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Tal como se verifica um pouco por todo o País, as carências são sobretudo de anestesistas, "que se agravaram com o aumento das cirurgias às cataratas". Por isso, até contactaram a Morpheus na esperança de ter mais um médico a tempo inteiro. Na urgência, têm vários especialistas a fazer horas. "Não sei se vamos conseguir responder a todas as solicitações até ao fim do ano", desabafa.
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Luís Ribeiro, administrador do Hospital de Portalegre, conta diariamente com dois médicos na triagem e um internista (o equivalente a 90 profissionais por mês), que garantem os tais "10% de produção". "A situação complicou- -se há vários anos e vai agravar-se". No Centro Hospitalar do Baixo Alentejo, também é prática regular, nas áreas de obstetrícia, anestesiologia ou pediatria. "Em 2007, contratámos novos serviços de 32 empresas, embora algumas sejam empresas com apenas um médico", diz o porta-voz. "São recursos que nos têm valido em muitas situações".
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No Norte, a época do Verão está a revelar-se calma, embora os tempos de espera no Hospital de Santo António estejam mais longos aos domingos. Ao que o DN apurou, o Hospital de São João tem ultrapassado as dificuldades com a constituição de equipas fixas, mas outras unidades da região têm apostado numa empresa de médicos dedicados à urgência.
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É frequente encontrar os tarefeiros na triagem. Tal como em Portalegre, o Hospital de São Marcos (Braga), onde a procura tem crescido no Verão, "já há muitos médicos de empresas nesta tarefa", diz o chefe de equipa António Carvalho. O Centro Hospitalar de Coimbra admite que os utentes com senhas azuis e verdes (menos urgentes) estão praticamente a cargo das empresas. "Ajudam-nos a resolver muitos problemas. Mas os casos mais complexos e especializados têm resposta das nossas equipas", diz Deolinda Portelinha, a directora clínica. "Preferimos que eles tratem das situações banais. É como se fosse um SAP". Apesar de não ter dados, acredita que esta equipa tenha algum peso (12%), calculando que lá estejam quatro médicos por dia.
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A Guarda recebe mais 50% de utentes nesta altura, diz o administrador hospitalar Fernando Girão. "Este ano tivemos de fazer um concurso para 144 horas na urgência geral (seis dias) e contratar médicos para a pediatria, o que significa que realizam 10% da actividade".
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Em Lisboa, tal como Viseu, o Centro Hospitalar de Lisboa Central não recorre a ajudas externas. Mas o Hospital de Santa Maria e Pulido Valente tiveram de contratar a Morpheus. "O seu peso é de 10% na urgência, mas só contratamos anestesistas. O resto garantimos com os nossos recursos", diz Correia da Cunha, director clínico. As maternidades da capital também acusam problemas . (Diário de Notícias)
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