quinta-feira, 3 de julho de 2008

Estudo revela que incidência do cancro baixou

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Europa. Portugueses contestam queda dos casos
Especialista luso nega diminuição da incidência e defende mais prevenção
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Diminuição da incidência do cancro e da sua mortalidade e um aumento de doentes que sobrevivem mais de cinco anos a doenças cancerosas são as principais tendências observadas na Europa, de 1990 a 2000, e publicados num estudo, no European Journal of Cancer. Mas a primeira destas conclusões é surpreendente e até polémica.
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O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, discorda abertamente dos dados que indicam diminuição da incidência de cancros na Europa. "Pelo contrário, a incidência tem aumentado em todos os países, de acordo com a Organização Mundial de Saúde e todas as autoridades ligadas ao sector", garantiu ao DN, sublinhando que "este estudo deve ser lido, por isso, com muita cautela". E avisa: "Não devemos tirar ilações triunfantes destes dados, sobretudo nós, portugueses, que temos de investir muito ainda em prevenção nesta área".
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Realizado na Universidade de Erasmus, em Roterdão e coordenado por Jan Willem Coebergh, o estudo avaliou 17 tipos diferentes de cancro e conclui que, à excepção dos tumores malignos ligados à obesidade e ao tabaco, a mortalidade causada pelas doenças cancerosas também diminuiu, o que pode ser atribuído a maior prevenção, diagnósticos precoces e a tratamentos mais eficazes.
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Estas tendências positivas são sobretudo válidas para os países da Europa do Norte e Ocidental, se se excluírem os cancros ligados à obesidade. Neste caso, o seu aparecimento pode ter a ver com má alimentação e pouca actividade física.
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Outro dado que contraria as outras observações optimistas da avaliação tem a ver com as doenças malignas causadas pelo tabaco. Embora a incidência e a mortalidade te- nham ambas diminuído nos homens da Europa do Norte, Ocidental e do Sul, na Europa Central, ela aumentou em ambos os sexos. Por outro lado, os cancros de pulmão e laringe causados pelo tabaco aumentaram nas mulheres europeias.
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Os autores atribuem as tendências positivas a uma prevenção mais eficaz, que permite o diagnóstico da doença numa fase mais precoce e uma intervenção em tempo útil, em termos de sobrevivência do doente.
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Em relação à diminuição da mortalidade causada pelas doenças cancerosas na Europa, Vítor Veloso concorda que "tem de facto havido melhorias, sobretudo devido aos diagnósticos mais precoces".
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A Europa registou uma diminuição entre 10% e 20% na mortalidade causada pelas doenças cancerosas, nos últimos anos, mas "em Portugal ainda não estamos a esse nível", diz Vítor Veloso. "Também estamos a melhorar, porque já há alguma prevenção, e porque os tratamentos são idênticos ao de qualquer outro país desenvolvido", adianta o especialista. Mas, sublinha, "é preciso apostar mais na prevenção e resolver o nosso maior problema, que é o das listas de espera nos hospitais, que é impeditivo do acesso ao diagnóstico e ao tratamento cirúrgico necessário."(Diário de Notícias)
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