domingo, 20 de julho de 2008

Três milhões têm insónias

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Distúrbio: Problemas de noites mal dormidas cada vez mais frequentes
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Portugal gasta mais de 80 milhões de euros por ano em comprimidos para dormir. A insónia afecta mais de três milhões de portugueses. O elevado consumo de medicamentos para dormir coloca o País no topo do ranking dos que mais consomem, precisamente o segundo lugar entre os 27 da União Europeia. De acordo com os últimos dados disponíveis, cada português consumiu, em média, duas embalagens de calmantes em 2006, totalizando 20 milhões de caixas.
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A insónia é a desordem mais comum do sono e estima-se que entre 30 a 45 por cento da população mundial não consiga ter uma noite reparadora do sono sem recorrer a um comprimido.
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A neurologista Teresa Paiva afirma ao CM que os distúrbios do sono são muito frequentes. 'Existem 88 doenças do sono e os problemas de uma noite mal dormida são cada vez mais frequente, o que faz com que se gastem 80 milhões de euros, por ano, na compra de medicamentos hipnóticos e ansiolíticos.
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O elevado consumo de calmantes e sedativos leva o Ministério da Saúde a querer reduzir esse consumo bem como a despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma vez que são medicamentos comparticipados pelo Estado.
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Segundo o Alto Comissariado da Saúde, entre 2002 e 2006, o consumo de ansiolíticos, hipnóticos, sedativos e antidepressivos no SNSaumentou 14,7%. No entanto, entre 2005 e 2006, registou-se uma ligeira diminuição no consumo (0,5%).
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As causas da insónia são diversas, sublinha a especialista Teresa Paiva. Algumas doenças podem estar na origem das insónias, como por exemplo a fibromialgia, doenças neurológicas (dores de cabeça, Parkinson) e neurodegenerativas (do sistema nervoso central). Também os estilos de vida roubam horas ao sono, tal como o consumo de certos produtos estimulantes, como as bebidas energéticas ou o café.
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As consequências da insónia – perda de memória, de reflexos e falta de concentração – têm sido alvo de alerta da neurologista, que chama a atenção para o risco acrescido de depressão, que surge após três meses de noites mal dormidas.
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HORÁRIOS MUDAM COM A IDADE
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Não há uma duração adequada que se aplique a toda a gente. Nem a todas as idades. Ao longo da vida, a necessidade de dormir vai variando. Os recém-nascidos precisam de quase 20 horas, os adultos entre sete e nove. Aos 45 anos reduz-se aquilo a que os especialistas apelidam de eficiência do sono – a proporção entre o sono efectivo e o tempo que se passa na cama.
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Ao longo da noite, passa-se por várias fases. Quando adormecemos, entramos num sono mais leve, há um relaxamento dos músculos, os batimentos cardíacos abrandam e o corpo prepara-se para entrar num sono profundo. Uma hora e meia depois entra-se na fase dos sonhos, os olhos movem-se para a frente e para trás, num período chamado REM (Rapid Eye Movement).
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O MEU CASO
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'NÃO CONSIGO DORMIR SEM AJUDA', ANA MARIA QUINTAS
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Ana Maria Quintas, 56 anos, sabe o que é passar uma noite em claro ou mal dormida. A leitura, até às duas ou três horas da madrugada, ajuda a sonolência, mas não consegue 'pregar olho' sem recorrer à ajuda de medicamentos.
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'Há anos que tenho problemas com o sono. Antigamente passava horas sem conseguir dormir por causa da falta de ar – bronquite asmática – mas agora já tenho esse problema controlado. Hoje em dia, não consigo dormir sem a ajuda de um medicamento, indutor do sono, por causa de preocupações familiares', refere ao CM.
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Ana Maria Quintas já experimentou passar a noite sem recorrer a remédios, mas o resultado, lembra, não foi nada satisfatório: 'Só tinha pesadelos e passava a noite muito agitada. Se não conseguir dormir bem, passo o dia seguinte com muito cansaço, não fico bem.
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PERFIL
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Ana Maria Quintas, tem 56 anos e é reformada. Com recurso a medicamentos consegue controlar a bronquite asmática de que sofre e a qual contribuiu para a sua aposentação. Colabora com a Associação Portuguesa de Asmáticos, no Porto.
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CONTRAPONTO
CUIDADOS MAIS IMPORTANTES
BEBIDAS
Evitar bebidas com cafeína, sobretudo nas seis horas antes de ir para a cama. As bebidas alcoólicas também podem dificultar o sono, assim como as refeições pesadas (antes da hora de descanso) ou o tabaco.
AMBIENTE
Retire do quarto a televisão ou jogos de computador. Tente criar um ambiente confortável, relaxante e acolhedor.
HORA CERTA
Se não conseguir adormecer, não tente forçar o sono, porque o efeito pode ser exactamente o contrário. Levante-se e pegue num livro ou faça outra actividade relaxante até que o sono chegue.
LUZ
A entrada de luz não ajuda quem quer dormir. No quarto use persianas ou cortinados grossos. Se viajar, leve uma venda para tapar os olhos. A temperatura deve ser amena, a rondar os 22º/23º.
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
CONSEQUÊNCIAS

Dormir menos do que as oito horas necessárias tem consequências na qualidade de vida e cria uma sensação de sonolência, irritação, cansaço e apatia. A médio e longo prazo, a falta de horas de descanso deixa sequelas na saúde física e psicológica.
MULHERES
São mais afectadas. Uma das razões é o perfil hormonal – sofrem de tensão pré-mestrual e costumam dormir mal nos dois ou três dias que antecedem a menstruação. O fenómeno é também comum na menopausa.
CAUSAS
As perturbações do sono aparecem muitas vezes na sequência de preocupações e problemas pessoais, familiares ou profissionais. Mas, mesmo quando os problemas já estão resolvidos, a insónia pode manter-se. O corpo habitua-se a dormir mal. Uma pessoa sabe que tem problemas em adormecer, fica ansiosa e aumenta a probabilidade de não dormir. Uma sesta ao início da tarde produz efeitos positivos: restaura as forças e reforça as faculdades intelectuais.
DOENÇAS
Há estudos que ligam a falta de sono ao aparecimento de diabetes. Sem descanso vários dias, o sistema nervoso central torna-se mais activo. E o pâncreas não produz a insulina – a hormona que permite digerir a glicose – de forma adequada. (Correio da Manhã)
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NECESSIDADES DE SONO AO LONGO DA VIDA
IDADE / SONO
BEBÉS

0-2 meses / 10,5-18,5
2-12 meses / 14-15
12-18 meses / 13-15
CRIANÇAS
1,5 - 3 anos / 12-14
3-5 anos / 11-13
5-12 anos / 9-11
ADOLESCENTES
Adolescentes / 8,5-9,5
ADULTOS
Adultos (média) / 7-9
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1 comentário:

Paula Pereira disse...

Olá Filomena, vim cá dar uma vista de olhos nas novidades e aproveito para lhe desejar uma boa semana.
Beijos

Paula