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A administração errada de medicamentos aos doentes hospitalizados é responsável pela morte anual de 7000 pessoas, mas apesar de serem evitáveis, "estes erros existirão sempre e sem culpados", graças a um "sistema que falha", disse à Lusa a presidente da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares.
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Aida Batista, presidente da APAH, reconheceu que o erro de medicação nos hospitais "existe e vai sempre existir". "Não se trata de um erro humano, mas sim do sistema [que falha]", esclareceu, lamentando que muitos destes erros sejam escondidos, por receio dos profissionais serem acusados.
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É ao próprio sistema que o erro é atribuído, pois "apesar de os profissionais trabalharem com o maior cuidado, pode existir uma falha", disse.
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O ex-vice-presidente da autoridade que regula o sector do medicamento, Faria Vaz (que ocupava a vice-presidência do Infarmed quando, em 2005, realizou uma apresentação em que divulgava números sobre os mortos atribuídos a erros na medicação), esclareceu ao princípio da tarde de hoje que os 7.000 mortos anuais atribuídos a erros na medicação são dados internacionais e não reflectem a situação em Portugal, onde não há um sistema que registe estes casos. Esses dados foram, porém, desde 2005, interpretados pela APFH como nacionais, conforme notícia avançada hoje pela Lusa.
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De qualquer maneira, Aida Batista frisou que o erro pode acontecer pelas mais variadas situações, desde que o médico prescreve o medicamento (por letra ilegível ou por confusão na dose), à farmácia que o distribui (confundindo as embalagens, por exemplo), ou o enfermeiro que o dá ao doente (que pode ser o doente errado).
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"Os erros podem acontecer em qualquer destas fases do processo", disse a presidente da APFH, que há anos se preocupa com esta questão.
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Aida Batista considera que só quando os hospitais estiverem ligados a um sistema centralizado e igual para todas as instituições é que o erro poderá diminuir.
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A presidente da APFH lamenta que não haja em Portugal uma cultura de segurança, razão que, na sua opinião, leva a que os programas de segurança se limitem muito à farmácia do hospital.
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"Todos os profissionais de saúde estão envolvidos no fornecimento de medicamentos: o médico, porque prescreve, a farmácia, porque dispensa e o enfermeiro, porque administra o fármaco", pormenorizou. "Todos são humanos e, por isso, todos podem errar, mas neste caso é o sistema que falha", concluiu.
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Ordem dos Médicos diz que Portugal não tem "registo fiável das causas de morte"
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Por seu lado, o bastonário da Ordem dos Médicos alertou hoje para a inexistência de "um registo fiável das causas de morte" em Portugal, a propósito das mortes provocadas por erros de medicação nos hospitais portugueses, matizando igualmente a informação avançada hoje cedo pela presidente da APFH.
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Pedro Nunes desvalorizou os números avançados por Aida Batista afirmando que os mesmos são impossíveis de contabilizar, pois "em Portugal não existe um registo fiável das causas de morte".
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Para o bastonário da Ordem dos Médicos, o erro na medicação existe, pois "não há gente infalível". "São feitos milhões de actos médicos por dia nos hospitais portugueses, é natural que se cometam alguns erros", adiantou. Pedro Nunes ressalvou que, nesta matéria, "basta um erro para já ser demais e que o ideal é não existir nenhum".
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O bastonário considerou que "grave, grave" é a inexistência de "um registo fiável das causas de morte em Portugal", o que, segundo disse, deverá melhorar em breve, pois esta é uma área em que a Direcção-Geral da Saúde está a trabalhar. (PÚBLICO)
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