segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Homens menos férteis

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Mais de metade com qualidade do sémen inferior ao normal
Homens menos férteis
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Mais de metade dos homens em idade fértil, entre os 18 e os 30 anos – 57,8 por cento –, apresenta uma qualidade do sémen inferior à que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera normal, revela uma investigação feita em Espanha. Especialistasportugueses alertam para os riscos da infertilidade masculina: industrialização, poluição ambiental e ainda os químicos presentes na alimentação, como os corantes.
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Em declarações ao CM, o médico urologista Mendes Silva, presidente da Associação Portuguesa de Urologia, considera preocupante o ritmo com que os homens estão a ficar inférteis. "Há estudos que demonstram que a fertilidade masculina está a diminuir devido à industrialização e poluição atmosférica e alimentar. A continuar a este ritmo poderá comprometer a sobrevivência da espécie humana", explica o especialista, alertando para o facto de o problema ter consequência na natalidade: "Há cada vez mais casais que querem ter um filho e não conseguem."
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A lista de substâncias que podem contribuir para a redução da fertilidade masculina inclui os pesticidas, desinfectantes, dissolventes e outros componentes utilizados no fabrico de metais, tecidos ou móveis. A infertilidade está a aumentar também na mulher e irá tornar-se um problema de saúde pública. Estima-se que os 15 por cento dos casais inférteis passarão para 30 por cento em 2015, causando acentuado declínio na população europeia.
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BANCO PREVÊ ADIAMENTO DA FERTILIDADE
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O projecto, que aguarda aprovação para a criação de um banco de óvulos e esperma apresentado pelo investigador em Genética Mário Sousa, inclui três componentes distintas: o banco para os casais inférteis, outro para crianças e adultos com cancro – que pretendam fazer a criopreservação (conservação no frio) dos gâmetas antes dos tratamentos oncológicos – e uma terceira área destinada a homens e a mulheres que querem adiar a fertilidade por motivos profissionais.
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"Seria um investimento a rondar os dois milhões de euros", sublinha o investigador Mário Sousa. O recrutamento dos dadores deve ser feito através de associações cívicas e sujeito a rigoroso processo de selecção. "Conseguimos compatibilizar os gâmetas em 85 por cento com os dados genéticos do casal", assegura.
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FALTA BANCO DE ESPERMA
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Portugal ainda não tem um banco de óvulos e esperma no sector público, apesar de a lei da procriação medicamente assistida já ter sido aprovada e promulgada pelo Presidente da República, Cavaco Silva. O investigador em Genética Mário Sousa, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, critica a lacuna: "Portugal ainda não tem um banco de gâmetas [células reprodutoras] por entraves políticos. Há dois anos o ministro da Saúde disse que não podia ser criado um banco de gâmetas porque a lei não fora ratificada. Hoje já podia tratar-se casais inférteis, mas não se sabe quando será criado um banco."
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APONTAMENTOS
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CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Nos critérios para avaliar a qualidade no estudo do sémen foram registados o volume da ejaculação, a mobilidade e a concentração dos espermatozóides. Os resultados foram inferiores aos preconizados como "normais" pela OMS.
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MAIS DE MIL TESTADOS
No estudo participaram 1239 homens, dos 18 aos 30 anos, de 17 regiões autónomas, e foram avaliados pela Associação Espanhola de Andrologia e Associação de Clínicas de Reprodução Assistidas.
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ESTILO DE VIDA
Não foi encontrada relação entre a qualidade do sémen e o tabaco, álcool, drogas e stress. (Correio da Manhã)
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