domingo, 8 de junho de 2008

Diabéticos: controlar açúcar no sangue

Saúde: Médicos portugueses garantem que se deve continuar a controlar açucar dos diabéticos
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Médicos portugueses garantem que "não se deve desistir" do controlo do açúcar no sangue de diabéticos do tipo 2, mesmo quando os estudos revelados não apresentam diminuições nos riscos de enfarte ou acidentes vascular cerebral.
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Dois estudos foram apresentados durante o 64º congresso anual da Associação Americana de Diabetes sobre o controlo intensivo da glicemia e ambos não apresentaram diminuições significativas nos riscos macrovasculares (enfartes, AVC).
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O estudo ADVANCE (Acção na Doença Vascular e Diabetes), do Instituto George para Saúde Internacional de Sidney, desenvolvido em cinco anos, concluiu que um controlo óptimo da glucose reduz para 21 por cento o risco de doenças renais.
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Na área das macrovasculares, não apresentou uma redução estatisticamente signitificativa, assinalando apenas uma quebra de 0,8 pontos percentuais nesse risco.
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A média final do controlo da hemoglobina (um marcador do controlo glicémico - HbA1c) foi de 6,5 por cento.
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A investigação do Instituto norte-americano do Coração, Pulmões e Sangue, o ACCORD (Acção para Controlar os Riscos Cardiovasculares na Diabetes) foi interrompido em Fevereiro depois de 3 anos e meio devido ao aumento da taxa de mortalidade total.
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Os dois estudos centram-se em populações já tratadas e com riscos indentificados. O ACCORD concentrou-se numa população de alto risco: média de idade de 62 anos, doentes com diabetes há 10 anos e 35 por cento já havia registado eventos cardiovasculares.
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Para Davide Carvalho, especialista português na direcção do Grupo Mediterrânico para o Estudo da Diabetes, os estudos mostraram a possibilidade de um "bom controlo glicémico ao longo do tempo".
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O especialista do Porto referiu ainda à Lusa que o ADVANCE não mostrou riscos quando se consegue reduzir para 6,5 por cento a hemoglobina Ac1, pelo que os "doentes podem continuar a confiar" nessa abordagem.
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Enquanto o coordenador nacional do Plano de Prevenção e Controlo da Diabetes, José Boavida, garantiu que não se poder "desistir" desse controlo, embora com a necessidade de individualizar cada tratamento.
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"Não se pode é ter a mesma exigência nos idosos que se tem nos jovens. Vale a pena ser mais exigente e investir mais quanto maior é a esperança de vida. E cada doente é um doente", referiu o médico à Lusa, lembrando que os estudos analisaram doentes já tratados e com factores de risco identificados.
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Sublinhou ainda que um controlo demasiado apertado pode levar a um aumento de casos de hipoglicemia, que leva a uma menor irrigação dos vasos.
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Para o médico, faltam estudos feitos na fase do diagnóstico da doença e a prática clínica talvez devesse passar de uma fase terciária para uma secundária para permitir o "diagnóstico e tratamento precoces".
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Face à não comprovação da diminuição de riscos das doenças do coração, os médicos sublinharam à Lusa a necessidade de controlar todos os outros factores de risco, como a pressão arterial, os lípidos no sangue e o consumo de tabaco. (RTP)

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