sexta-feira, 14 de março de 2008

Cardiologia

Vias Verdes coronárias alargam rede apesar da falta de médicos
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Via Verde implica socorro rápido e ligação para o hospital de referência
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A Região Norte já dispõe de serviços que permitam acudir a um doente com acidente vascular cerebral (AVC) dentro do tempo considerado limite para evitar a morte ou graves sequelas. E contará, a partir de o dia 1 de Abril, com uma cobertura aceitável no que toca ao tratamento urgente de enfartes agudos do miocárdio, no âmbito do alargamento das Vias Verdes coronárias. Uma melhoria que, contudo, não deixa de ser muito teórica a falta de especialistas vai obrigar à deslocação de médicos de uns distritos para os outros e a própria distância é calculada em condições óptimas.
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Em funcionamento desde 3 de Março, a Unidade de AVC do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia veio completar um panorama que as autoridades de saúde consideravam escasso, num país em que resultam de AVC metade das mortes por doenças cardiovasculares, doenças estas que, em 2005, representaram 34% de todos os óbitos.
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"No ano passado abriram as unidades de Braga, em Fevereiro, e Vila Real, em Março. Juntamente com as do S. João, Santo António e Santa Maria da Feira, um doente da região Norte pode ser tratado na janela de oportunidade das três horas", explicou ao JN o vogal da Administração Regional de Saúde do Norte, Fernando Araújo. Isto apesar de a falta de neurocirurgiões em Vila Real obrigar a recorrer a especialistas de Braga. O responsável visita hoje a unidade de Gaia, com o novo coordenador para as Vias Verdes no Norte Miguel Oliveira, que era até há um mês o responsável regional pelo INEM.
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No que toca ao enfarte agudo do miocárdio - outra patologia em que o factor tempo é crucial para reduzir a mortalidade (calculada em mais de oito mil óbitos anuais) -, o avanço preparado para Abril implica a utilização da técnica considerada mais eficaz em dois hospitais onde ainda não existia a intervenção coronária percutânea (ICP) primária ou reperfusão mecânica. Quando não há capacidade para esta, procede-se à reperfusão farmacológica (trombólise), que dilui os coágulos de sangue.
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Vila Real e Braga passarão assim a ter ICP primária em salas dedicadas exclusivamente à cardiologia, recomendada pelo programa das Vias Verdes para todos os hospitais com serviço de urgência polivalente. Actualmente, é feita por rotina no S. João, Santo António e Gaia, concentrando a oferta ao distrito do Porto e deixando a maior parte da região sem acesso à ICP primária nas duas ou três horas cruciais.
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O problema é que Braga e Vila Real continuam a sofrer constrangimentos. No primeiro caso, a sala vai ter que ser partilhada entre cardiologia e neurologia, por falta de instalações e até que nasça um novo hospital. No segundo, a falha mais grave é a falta de cardiologistas especializados. Sempre que surja uma urgência, terão de ser enviados do Porto, onde estarão em regime de prevenção, à chamada.
-Cardiologia
Fernando Araújo admite que nenhuma é uma solução ideal, "mas dá para começar. Vamos ver como é que se consegue", diz, confiando na curta distância até Vila Real "uma hora". Se não chover, nem nevar, nem tiver havido algum acidente no IP4... (Jornal de Notícias)

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