Utentes do Pediátrico queixam-se de falta de enfermeiros
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O Hospital Pediátrico de Coimbra atravessa graves carências materiais e humanas. Além da insuficiência de enfermeiros, há falta de medicamentos, de leites e papas, de fraldas de diversos tamanhos, de material clínico de consumo corrente - como cateteres - e até de cadeirões para os pais acompanharem, de perto, as crianças. A denúncia foi feita, ontem, por Paulo Anacleto, coordenador da delegação regional de Coimbra do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
O Hospital Pediátrico de Coimbra atravessa graves carências materiais e humanas. Além da insuficiência de enfermeiros, há falta de medicamentos, de leites e papas, de fraldas de diversos tamanhos, de material clínico de consumo corrente - como cateteres - e até de cadeirões para os pais acompanharem, de perto, as crianças. A denúncia foi feita, ontem, por Paulo Anacleto, coordenador da delegação regional de Coimbra do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
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"São coisas simples, que custam pouco dinheiro e podiam ser resolvidas sem estar à espera da abertura do novo Hospital Pediátrico", criticou o dirigente sindical. Paulo Anacleto exemplificou "Há um serviço que requisita, mensalmente, 14 cateteres. Ora, 14 cateteres gasta um turno!".
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Mas estas são apenas algumas das preocupações relativamente ao Hospital Pediátrico, garantiu Paulo Anacleto. Há, ainda, as deficientes condições de higiene. "Os urinóis, as arrastadeiras e as taças são lavados, à mão, pelos auxiliares de acção médica, e faltam contentor do lixo com pedais funcionantes para lixo contaminado", contou o dirigente. Mais as crianças não cabem nas camas e as camas e macas, por sua vez, não cabem no elevador. "O único serviço que tem camas grandes é a Ortopedia, mas não dá o mínimo de privacidade aos adolescentes", explicou.
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Urgência "a abarrotar"
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Além disso, "a Urgência do Pediátrico está a abarrotar, com o fecho de outros serviços", assegura Anacleto.
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"No Hospital Pediátrico, e em conformidade com a Circular Normativa da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde de 2006, sobre o cálculo da necessidade de enfermeiros, registamos uma efectiva carência de 33 enfermeiros. Há dois anos que não entra um", observou o responsável sindical. E acusou a administração do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) de dever aos enfermeiros daquela unidade mil dias de trabalho.
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O dirigente falou à entrada do Hospital Geral dos Covões, em Coimbra, numa iniciativa para assinalar o primeiro aniversário da passagem do CHC - que engloba o Hospital dos Covões, o Hospital Pediátrico e a Maternidade Bissaya-Barreto - a Entidade Pública Empresarial (EPE). O balanço, assegura, "é negro", com uma degradação generalizada das condições de trabalho e dos direitos dos enfermeiros, em prejuízo dos utentes.
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Cultura do medo
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"Esta é uma gestão virada para os números e para a contenção. Se os profissionais de saúde não estão motivados, se não têm boas condições de trabalho, o doente não pode ser o centro das atenções", lamentou Paulo Anacleto. Para o sindicalista, o Conselho de Administração do CHC é "autista" e responsável pela instalação da "cultura do medo". O aumento da semana de trabalho de 35 para 40 horas, a celebração de contratos de trabalho a termo certo de um ano com enfermeiros que exercem funções há seis, sete ou mais anos, a "não valorização dos enfermeiros qualificados" ou a redução da ceia distribuída nos turnos nocturnos estão no centro das críticas de Paulo Anacleto. O dirigente acusa, também, a administração do CHC de contratar jovens enfermeiros licenciados "a troco de nada".
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O JN tentou insistentemente contactar o presidente do CHC, Rui Pato, mas todos os esforços resultaram infrutíferos. (Jornal de Negócios)
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