quarta-feira, 2 de abril de 2008

Novo tratamento para a hipertensão grave

Comprovada eficácia de medicamento que gera menos efeitos secundários
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O tratamento da hipertensão grave poderá mudar, depois de comprovada a eficácia de um medicamento com a vantagem de gerar menos efeitos secundários que o habitualmente usado contra uma doença que só em Portugal afecta cerca de quatro em cada dez pessoas, noticia a agência Lusa.
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Este dado é o principal resultado de um estudo realizado durante quase três anos com mais de 25 mil doentes de alto risco cardiovascular oriundos de 40 países e que foi apresentado esta segunda-feira durante a 57ª edição do Congresso de Cardiologia do American College, que decorre até 2 de Abril na cidade norte-americana de Chicago.
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O director do serviço de Cardiologia do Hospital Amadora-Sintra, um dos participantes portugueses na realização do estudo, explicou à Lusa que este é um trabalho que surge anos depois de um estudo de nome Hope ter revelado a existência de um fármaco de nome Ramipril que «trazia grandes benefícios quando aplicado a doentes de alto risco cardiovascular».
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«Isso foi um grande salto em frente, mas até agora não se sabia se outro fármaco que apareceu mais tarde com menos efeitos secundários tinha os mesmo benefícios ou não e não se sabia se havia vantagem na associação deste outro fármaco ao primeiro», explicou o professor Vítor Gil.
As dúvidas deram então lugar à realização de outro estudo, o Ontarget, que veio agora provar a existência de uma alternativa ao Ramipril, o Telmisartan, com a vantagem de menos efeitos secundários.
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«O estudo mostrou que, e esta é uma informação absolutamente nova, que há de facto equivalência na utilização deste fármaco que é o Telmisartan, e como o Telmisartan é um fármaco com melhor perfil de segurança porque tem menos efeitos secundários, isto é uma vantagem no tratamento dos doentes», defendeu Vítor Gil.
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No que diz respeito à terapêutica, o especialista entende que os doentes intolerantes ao Ramipril têm agora «uma boa alternativa com o mesmo tipo de sucesso clínico, mas com um perfil de segurança ainda melhor».
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Com o Telmisartan, medicamento já usado no tratamento da hipertensão, mas só agora comprovado em estudo, os doentes de alto risco cardiovascular passam a ter a possibilidade de um tratamento que não lhes traga efeitos secundários, sendo a tosse o mais conhecido, de acordo com o especialista Vítor Gil.
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O Ontarget não provou, no entanto, os benefícios esperados na associação entre os dois fármacos. «Pensávamos teoricamente que haveria benefícios nessa associação, como a redução das complicações clínicas, morte ou enfarte do miocárdio, mas sabemos agora que não há benefícios», revelou o director de Cardiologia do Hospital Amadora-Sintra.
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No entanto, como sublinhou Vítor Gil, há ainda a possibilidade da associação dos dois fármacos aumentar a protecção renal, mas esses são estudos que ainda não estão concluídos e que não serão, por isso, conhecidos para já. (Portugal Diário)

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