quinta-feira, 17 de abril de 2008

Perigo químico no plástico de garrafas e biberões


O bisfenol A (BPA) pode provocar problemas hormonais e ser perigoso para a saúde, mesmo perante uma exposição baixa, conclui um estudo do programa nacional de toxicologia dos Estados Unidos, divulgado esta semana. Trata-se de um produto químico utilizado no fabrico de garrafas, biberões e CD que tem provocado controvérsia entre os que defendem a sua proibição e os que minimizam os seus efeitos.
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O relatório preliminar do National Toxicology Program (NTP) tem por base uma experiência com 500 ratos que foram alimentados ou injectados com doses baixas de bisfenol A. O químico provocou alterações de comportamento, puberdade precoce, problemas no aparelho urinário e tumores (cancro da próstata e da mama). Os ambientalistas saudaram estes resultados por confirmarem as suas preocupações e pedem para o BPA ser considerado um produto tóxico, enquanto os industriais do sector salientam que estas não são as conclusões definitivas.
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A equipa que está a desenvolver o estudo salienta que, embora ainda não sejam definitivos, "os dados não podem ser ignorados" e exige a continuidade do trabalho nesta área.
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"O que fizemos foi alertar para os problemas que detectámos. Não podemos garantir que não ocorra com os seres humanos", disse ao The Washington Post Mike Shelby, do National Institute of Environmental Health Sciences, que supervisiona a investigação. O bisfenol é um composto tão comum que foi detectado na urina de 93% da população com mais de seis anos dos EUA. "Está em toda a parte", disse Shelby, salientando que "os possíveis riscos para a saúde podem vir do contacto com a comida ou a bebida, já que está presente em garrafas e embalagens de plástico". Acrescentou que, em princípio, a sua utilização em aparelhos como iPods não será perigosa.
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Não é a primeira vez que surge o alerta sobre o perigo deste produto químico no fabrico de embalagens de plástico, não só para o meio ambiente como para a saúde pública. As autoridades portuguesas, nomeadamente a Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo e a Direcção-Geral de Saúde, têm acompanhado os estudos sobre o bisfenol, sobretudo os da UE. Mas ainda não sentira necessidade de proibir a utilização deste químico, apurou o DN.
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Um dos estudos recentes baseou--se na recolha de amostras de biberões e chegou a conclusões idênticas às do NTP. O trabalho "Biberões Tóxicos", publicado em 2007 pelo Environment California Research and Policy Center, revelou que mesmo em pequenas quantidades, o bisfenol A pode provocar doenças como o cancro da mama, a obesidade, o aumento da próstata, os diabetes, a hiperactividade, as alterações do sistema imunitário, a infertilidade e a puberdade precoce.
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O que há de novo no trabalho do programa nacional de toxicolgia norte-americano é que este envolve cientistas das principais autoridades públicas norte-americanas em maté- ria do medicamento e da alimentação: a Food and Drug Administration (FDA), o Center for Diseases Control and Prevention e institutos de saúde públicos. No entanto, o estudo foi divulgado na terça-feira e a FDA ainda não tomou uma posição. (Diário de Notícias)

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