Saúde 24 evitou mais de cem mil idas às urgências
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*Em onze meses de funcionamento, a Linha Saúde 24 terá conseguido evitar mais de 106 mil idas desnecessárias a uma urgência hospitalar. Anunciado, ontem, em jeito de balanço, este número é considerado satisfatório pelo director-geral da Saúde, Francisco George, mas ainda insuficiente. Uma opinião que encaixa na que tem sido veiculada pela ministra da Saúde sempre que é confrontada com a reforma das urgências a linha inaugurada a 25 de Abril de 2007 para ajudar as pessoas a gerir os seus problemas de saúde "não é suficientemente utilizada".
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E a prová-lo estão as estatísticas 40% das chamadas recebidas são provenientes do distrito de Lisboa. Setúbal é responsável por 15% dos telefonemas, enquanto Porto, Leiria, Faro, Braga, Coimbra e Aveiro estão abaixo dos 10%. No interior, a procura é quase inexistente. Ramiro Martins, responsável da empresa privada que gere a linha em parceria público-privada com a Direcção-Geral da Saúde (DGS), explica essa tendência pela facilidade com que a imprensa - e portanto a divulgação - chegam às populações das grandes cidades. A aposta no crescimento no interior passará por campanhas publicitárias, segundo os responsáveis.
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Quanto às urgências evitadas, trata-se do saldo entre os utentes que no início do contacto tencionavam deslocar-se a uma urgência e acabaram por não ir e aqueles que não pensavam ir e foram - por agravamento dos sintomas durante a conversa ou por desconhecerem a gravidade do caso - por ser encaminhados para lá pelos técnicos.
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Insatisfeitas, as autoridades de saúde querem transformar o atendimento da linha numa "verdadeira pré-triagem". O objectivo, insistiu Ramiro Martins, não é o de diminuir o acesso às urgências, mas de qualificar essas deslocações.
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"As capacidades deste serviço não estão esgotadas. É possível explorar ainda mais a linha", sublinhou, por seu lado, Francisco George, estando em negociação com o Ministério da Saúde novas "mais valias". Actualmente, quem se dirige a um centro de saúde e é referenciado para a urgência hospitalar tem prioridade no atendimento, excepto sobre casos mais urgentes. A ideia - que dependerá de decisão ministerial - é que o contacto prévio para a linha também seja entendido pelos profissionais de saúde como uma mais valia.
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Até porque, diz Ramiro Martins, "quem passa pela Saúde 24 tem, a garantia de que a sua situação está bem encaminhada" e "alguém que chegue a uma urgência tendo sido aconselhado e pré-triado [pela Saúde 24] é uma garantia de que vai com a prescrição adequada". Ligar é um acto de "bom senso" que garante "segurança" ao utente.
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À beira de completar um ano de funcionamento, as entidades apostam assim na divulgação e na necessidade de qualificação da triagem uma vez que, pelo menos para já, o "atendimento é rigorosamente o mesmo", acabou por admitir Ramiro Martins. Os responsáveis da Saúde 24 estão por isso a negociar novos serviços, um dos quais arrancou ontem, dirigido a problemas com alergias (ver texto em baixo). (Jornal de Notícias)
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