Os portugueses com excesso de peso bebem mais vezes álcool do que o resto da população, conclui uma tese de mestrado do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, em Lisboa, que analisou padrões alimentares na população portuguesa.
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Alguns dos dados nacionais que serviram de base a este novo trabalho já tinham dado a conhecer a realidade do excesso de peso em Portugal. Num estudo divulgado este ano, coordenado pela endocrinologista Isabel do Carmo, concluía-se que 39,4 por cento dos portugueses são pré-obesos e 14,2 por cento entram já na categoria de obesos - um total de 53,6 por cento sofrem, portanto, de excesso de peso. A amostra representativa da população portuguesa incluiu 8116 indivíduos dos 18 aos 64 anos e as entrevistas foram feitas entre 2003 e 2005.
Alguns dos dados nacionais que serviram de base a este novo trabalho já tinham dado a conhecer a realidade do excesso de peso em Portugal. Num estudo divulgado este ano, coordenado pela endocrinologista Isabel do Carmo, concluía-se que 39,4 por cento dos portugueses são pré-obesos e 14,2 por cento entram já na categoria de obesos - um total de 53,6 por cento sofrem, portanto, de excesso de peso. A amostra representativa da população portuguesa incluiu 8116 indivíduos dos 18 aos 64 anos e as entrevistas foram feitas entre 2003 e 2005.
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Na sua tese de mestrado, o nutricionista José Camolas, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa - que participou no referido estudo inicial - tratou de analisar as respostas dadas por esta população quanto às suas escolhas alimentares, nos seis meses anteriores ao inquérito.
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O investigador conclui que as pessoas com excesso de peso consomem mais bebidas alcoólicas do que o resto da população. Segundo Camolas, passou-se a mensagem segundo a qual, quando consumido em pequenas quantidades, o vinho pode ter efeitos positivos na saúde: dois copos no homem e um na mulher. Daí para cima o efeito pode ser negativo, sublinha. “Estas pessoas podem não estar sensibilizadas para o facto de terem que moderar o consumo de álcool”, diz.
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Sabe-se que as bebidas alcoólicas têm “muitas calorias e, quando ingeridas em excesso, podem contribuir para o aumento da gordura corporal”. Isso não significa que tenham ficado gordas por causa disso, ressalva, mas “o álcool pode influenciar o excesso de peso”, nota o nutricionista, que dá consultas de obesidade no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. No topo do consumo dos mais obesos, que são tendencialmente os mais velhos, está o vinho.
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Entre quem tem excesso de peso existe também tendência para consumir mais produtos de origem animal do que o resto da população. Neste grupo de alimentos estão os lacticínios gordos, as carnes vermelhas e os produtos cárneos com elevado teor de gordura (caso dos enchidos, do toucinho ou da entremeada).
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Paradoxal é o facto de o nutricionista ter encontrado no grupo de pessoas com peso a mais um consumo alto de sopas, legumes e frutos frescos. José Camolas interpreta estas respostas como sendo sinais positivos, de mudança de comportamento ou de intenção de o fazer. Acredita que a mensagem de que é importante comer vegetais se generalizou, mas afirma que as respostas têm que ser lidas com cautela, uma vez que existe uma tendência para responder o que é socialmente aceitável.
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A tese de mestrado em Nutrição Clínica, orientada por Isabel do Carmo, foi apresentada no final do ano passado, e foi aprovada com muito bom com distinção.
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Os indicadores já revelavam que a situação é pior nos homens do que nas mulheres: 60 por cento deles têm excesso de peso, contra 47,8 por cento delas. Nos dados alimentares constata-se que os homens consomem com maior frequência os grupos alimentares mais prejudiciais, como é o caso das carnes vermelhas, bolos e bolachas, açúcar e doces e comida rápida. Pelo contrário, são elas quem consome mais vezes sopas, legumes e frutos frescos, assim com lacticínios com teor de gordura reduzido.
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José Camolas reconhece que parece haver uma maior motivação das mulheres para mudarem os seus comportamentos alimentares e estarem atentas a excessos, nomeadamente por razões estéticas. O nutricionista constata, aliás, que a maior parte dos utentes de consultas de Nutrição, “pelo menos 60 por cento”, são mulheres, mas que há sinais de mudança.
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O autor constata ainda que a abordagem terapêutica do excesso de peso se tem revelado baixa, com estudos internacionais a apontarem para reduções de peso entre três a seis por cento em quatro ou cinco anos. Contudo, mesmo que não se chegue, muitas vezes, ao peso ideal, “perder algum peso já é muito positivo”.
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A informação sobre os padrões alimentares que conduzem ao excesso de peso e aqueles que o evitam está disponível, diz José Camolas, mas, para haver mudanças de comportamento, é preciso mais, tem que haver “motivação”. O nutricionista defende que a gravidez é uma altura óptima para intervir.
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“Estamos a actuar sobre duas pessoas numa altura em que a mulher está particularmente sensível às mensagens. Quando são detectadas grávidas diabéticas ou a ganhar peso a mais na gravidez, é preciso intervir logo ali”, diz. E lembra que está provado, por exemplo, que “a aterosclerose começa na barriga da mãe” e que o que se come na gravidez tem influência na saúde do bebé e no futuro adulto. (Público)
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