terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Saúde: Recusa dos tratamentos biológicos


Doentes incitados a apresentar queixa

As cinco doenças crónicas são altamente incapacitantes. As associações de doentes com artrite reumatóide, espondilite anquilosante, artrite idiopática infantil e psoríase estão a incentivar os doentes que vejam recusado nas farmácias hospitalares o Enbrel, medicamento biológico para o tratamento destas doenças crónicas que custa 695 euros por embalagem, a fazerem uso dos livros de reclamações.
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“Sempre que se dirigirem a uma farmácia hospitalar e virem recusados os tratamentos peçam o livro de reclamações e denunciem o caso às associações para que a tutela possa actuar”, sublinhou ontem a presidente da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide, Arsisete Saraiva.
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Há pelo menos oito hospitais que não cumprem o despacho do secretário de Estado da Saúde, de Novembro, que dita a dispensa gratuita dos medicamentos nas farmácias hospitalares, quer as receitas sejam passadas por médicos do sector público ou do privado, desde que prescritas em consultas especializadas. O Hospital de São João (Porto), o Amadora-Sintra, os Hospitais da Universidade de Coimbra, o São Teotónio (Viseu), e os hospitais de Bragança, Portimão e Figueira da Foz estão, segundo as associações de doentes, nessa lista.
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Há doentes que fazem dezenas de quilómetros para terem acesso aos tratamentos. Em Viseu, uma jovem de 24 anos com artrite reumatóide viu duas vezes recusado o acesso aos fármacos. Segundo Arsisete Simões, a farmacêutica disse-lhe: “Vai-te embora e não venhas cá mais porque eu não te vou dar esse medicamento.” Viu-se obrigada a fazer 62 quilómetros até Lamego, o único hospital na região que facultou o tratamento.
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No Hospital Amadora-Sintra, o problema repete-se: “Dizem que o doente e o médico não pertencem ao hospital e que, por isso, não sabem quem paga”, diz a dirigente, lembrando que o próprio despacho garante que o pagamento é feito pela Administração Regional de Saúde.
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No Hospital da Figueira da Foz, a mesma médica prescreveu o tratamento a vários doentes. “Foi recusada a medicação a todos, excepto a uma doente que era funcionária do hospital”, disse João Cunha, presidente da Associação Portuguesa da Psoríase. (Correio da Manhã)

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