quinta-feira, 8 de maio de 2008

Hospital adiou cirurgia mas mandou conta


Pimpão dos Santos sentiu-se "gozado" quando recebeu a carta
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"Isto é um gozo, só pode!". Foi assim que José Pimpão dos Santos - que na semana passada viu a cirurgia ao estômago adiada por "falta de material" - reagiu à carta que o Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) lhe enviou, a cobrar 42, 21 euros pelas rotinas pré-operatórias a que então foi submetido. Segundo a missiva, recebida anteontem, o pagamento tem de ser feito no prazo de 15 dias.
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O adiamento da cirurgia teve lugar no dia 30 de Abril, já que o doente, de 60 anos, se encontrava há mais de duas horas no bloco operatório do Hospital dos Covões, uma das unidades que compõem o CHC.
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Pimpão dos Santos não faz tenções de pagar a conta relativa ao internamento (10,20 euros), a 13 exames laboratoriais (9.75 euros), a uma histologia (4.80 euros) e a uma tomografia axial computorizada (17.46 euros). "Então vou pagar por uma coisa que me foi feita com um fim não alcançado, por uma razão não imputada à minha pessoa?", questiona, indignado.
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Recorde-se que o doente deu entrada no Hospital dos Covões, a 29 de Abril, para se submeter aos cuidados pré-operatórios, e aí ficou até à manhã seguinte, para a qual estava programada a intervenção cirúrgica ao estômago. Todavia, cerca das 11 horas, viu, com incredulidade, o médico informá-lo do adiamento da cirurgia - marcada há um mês - para o próximo dia 27, devido a "falta de material".
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Uma "telenovela"
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O paciente pretende enviar uma carta ao Conselho de Administração do CHC, hoje, a explicar que não se acha no dever de efectuar o pagamento. "Dá a impressão de que estão a fazer de uma acto esporádico - porque imagino que aquilo não aconteça todos os dias - uma telenovela", observa Pimpão dos Santos, que considera toda a situação "muito aborrecida" e prejudicial. Não só por ter-lhe causado transtornos pessoais, mas também porque, em seu entender, lesou terceiros. "Vou ser operado numa data em que outro doente podia estar a sê-lo, só porque a minha cirurgia não foi feita no tempo certo", salientou.
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Na altura em que se deu o adiamento da intervenção cirúrgica, o presidente do Conselho de Administração do CHC, Rui Pato, explicou o incidente com o atraso na entrega do material de sutura automática por parte da firma responsável (cujo nome preferiu omitir). Essa falha impediu a actuação da equipa - que, de acordo com os relatos do paciente, deu sinais de "revolta contida" e de uma "frustração enorme". Carina Fonseca (Jornal de Notícias)

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