De acordo com um estudo realizado em 2007 pela Associação Portuguesa de Podologia, 86 por cento dos portugueses sofre de doença nos pés, sendo as mais frequentes as onicomicoses, o pé-de-atleta e as hiperqueratoses. No entanto, apenas 12 por cento das pessoas já foi a uma consulta de podologia, a ciência na área da saúde que estuda o pé.
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Enquanto base de sustentação de todo o corpo, os pés devem ser alvo de cuidados especiais, nomeadamente para prevenir as patologias que frequentemente os assolam.
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"Em primeiro lugar devemos olhar para os pés como mais um órgão do nosso corpo e não como um acessório" alerta Manuel Azevedo Portela, presidente da Associação Portuguesa de Podologia.
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De acordo com este especialista "devemos lavar os pés todos os dias, com um sabonete de PH neutro, porque a pele tem um PH alcalino e há determinado tipo de microorganismos, nomeadamente os fungos, que se desenvolvem neste tipo de meio". Após a lavagem é importante secar muito bem os pés, "principalmente nos espaços interdigitais, ou seja, entre os dedos, porque associado ao excesso de transpiração, se deixarmos humidade no meio dos dedos a pele começa a ficar mais macerada e sensível", refere Manuel Azevedo Portela, aconselhando também o uso de um creme hidratante específico para os pés, nomeadamente na zona onde a pele é mais grossa e mais seca.
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Pelo contrário, "na zona interdigital nunca se deve colocar creme hidratante, para que não fique com excesso de humidade", adverte o especialista. Após estes cuidados podem calçar-se meias, mas é importante que estas sejam de fibras naturais, tais como a seda, o algodão ou a lã, porque permitem que o pé respire com mais facilidade e são mais absorventes em relação ao excesso de transpiração.
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Além disso, de acordo com o presidente da Associação Portuguesa de Podologia "devemos optar sempre por sapatos de fibras naturais, confortáveis e adequados ao tamanho do pé". No caso das senhoras, o uso de saltos altos não é, contudo, desaconselhado, no entanto, é importante ter em atenção o tamanho desses mesmos saltos, uma vez que estes nunca devem ultrapassar os três ou quatro centímetros.
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Manuel Azevedo Portela, salienta, por outro lado, que "existem também muitas patologias que se prendem com o uso de chinelos, que obriga a que o pé adopte um determinado tipo de posição para segurar o calçado, nomeadamente os dedos em garra, o que pode produzir lesões, não a curto, mas sim a médio e longo prazo".
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Relativamente à estética, os cuidados de beleza não são vistos pelos especialistas como prejudiciais para a saúde do pé, muito pelo contrário, desde que sejam feitos correctamente.
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"Pintar as unhas, por exemplo, não tem nada de mal, mas é preciso ter atenção à remoção das cutículas, que funcionam como uma barreira de protecção entre a unha e a pele.
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Existem determinados tipos de microorganismos no pé que são comensais, ou seja, que estão em contacto com o nosso pé mas que não provocam danos, a não ser que exista alguma alteração nas defesas do nosso organismo e se crie uma porta de entrada", esclarece o especialista, frisando que as pessoas "podem e devem arranjar os pés, pintar as unhas ou colocar unhas de gel, mas só se forem saudáveis, nunca para camuflar patologias.
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Sempre que as pessoas notem alguma alteração ao nível estético, devem ter em atenção que se trata de um problema de saúde e que deve ser tratado como tal, numa consulta de podologia. (Dica da Semana)
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