Classe média-alta mais exposta ao pior cancro de pele
Os casos de melanoma, o mais agressivo dos cancros de pele, quadriplicaram em Portugal nos últimos 40 anos e é nas classes média e média-alta que esse aumento é mais marcado.
Enquanto nos anos 70 havia dois novos casos anuais por cem mil pessoas, "actualmente há oito por cem mil e com tendência para aumentar", adiantou ontem o director do Serviço de Dermatologia do IPO de Lisboa, João Abel Amaro, que é também o director da campanha EuroMelanoma 2008, que arranca a 26 de Maio, para alertar contra os perigos do sol.
A razão deste crescimento "selectivo" do melanoma está nos (maus) hábitos de exposição solar e também numa maior disponibilidade financeira que esta faixa da população tem para poder viajar para zonas balneares distantes e também para frequentar os solários.
As férias-relâmpago em paraísos tropicais (com a mudança abrupta de latitudes, a pele não tem tempo para se adaptar, avisam os dermatologistas), o sol a mais nas piores horas de calor, a falta de protecção adequada e os escaldões estão no pacote que pode levar mais tarde ao aparecimento de um melanoma.
Também o hábito de ir ao solário para ficar com a pele bronzeada é desaconselhado pelos dermatologistas. Os números mostram porquê: 10 exposições anuais nestas máquinas de bronzear aumentam em oito vezes, nos seus utilizadores, o risco de desenvolver cancro de pele.
Estes são alguns dos alertas dos especialistas da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) a poucos dias do lançamento de mais uma campanha EuroMelanoma, que começa no próximo dia 26, com a realização de rastreios gratuitos ao melanoma em pelo menos 25 instituições hospitalares do País, entre outra actividades (ver texto em baixo).
A campanha arranca com o início da época balnear e vai prolongar-se com acções de sensibilização ao longo do Verão, este ano especialmente dirigida aos jovens. É que estes integram actualmente o grupo mais descuidado com sol, como mostra um inquérito realizado no ano passado, nas praias algarvias a, 800 pessoas, no âmbito das acções da última campanha EuroMelanoma.
Realizados desde 2003, estes inquéritos mostram que "as crianças e os adultos acima dos 25 anos já mostram ter informação sobre os problemas causados pela exposição solar excessiva, e já começam a proteger-se mais", afirmou ao DN Osvaldo Correia, dirigente da APCC, sublinhando, no entanto, que "maioria dos jovens continua a ter comportamentos de risco a este nível".
Como mostram os resultados do inquérito do ano passado, 70% dos jovens entre os 16 e os 24 anos vão para a praia no Verão no horário vermelho (entre as 11.00 e as 16.00), e sem protecção adequada, descendo esse valor para 40% entre os 11 e os 16 anos. Repetindo tais hábitos ano após ano, estes jovens são candidatos sérios a desenvolver cancro de pele mais tarde na vida.(Diário de Notícias)
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