segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Novo remédio pode evitar quatro mil AVC por ano

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Fármaco para doentes com fibrilhação auricular é mais fácil de tomar e não interfere com outros remédios. Os doentes deixam de ter de fazer análises regulares e de ajustar as doses a tomar
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Um novo tratamento poderá evitar que quatro mil portugueses sofram um acidente vascular rerebral (AVC) todos os anos. Actualmente, há cem mil doentes com fibrilhação auricular, a forma mais comum de arritmia, e que é responsável por "cerca de cinco mil AVC todos os anos", um quinto dos registados no País, revela ao DN Jorge Ferreira, cardiologista no Hospital de Santa Cruz.
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O medicamento mais utilizado até aqui prevenia "66% dos AVC nestes doentes". No entanto, só 25% estavam devidamente controlados e só metade do universo total podia ser tratada com este fármaco. "Com o novo produto, só uma minoria ficará de fora", esclarece, acrescentando que se espera a aprovação no mercado europeu em 2010. Os primeiros resultados da substância dabigatran foram apresentados ontem no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia e publicados no New England Journal of Medicine. A fibrilhação auricular é a arritmia cardíaca e vai afectar 25% da população ao longo da vida. Esta perturbação que impede que o sangue seja bombeado, está associada à formação de coágulos, por- que o sangue estagna. É por isso que o risco de AVC quintuplica e o de morte duplica.
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Stuart Connoly, investigador principal do estudo RE-LY, explica que "o objectivo era encontrar um remédio com bons resultados em termos de segurança e eficácia, mas que não obrigasse a fazer monitorização regular" com análises. A varfarina, a molécula que era usada na prevenção de AVC e da formação de coágulos noutras áreas além do cérebro, era a solução mais eficaz até aqui (a aspirina é a alternativa com menos sucesso). No entanto, as doses administradas tinham de ser ajustadas frequentemente", refere Stefan Hohnloser, professor de Medicina e Cardiologia na Universidade Goethe, em Frankfurt (Alemanha).
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A monitorização dos doentes que tomavam varfarina tinha de ser feita pelo menos uma vez por mês. O objectivo era verificar o nível de coagulação do sangue. Se a coagulação for excessiva, formam-se trombos (coágulos); mas se a actuação do remédio for excessiva, o doente pode ter hemorragias.
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De acordo com os resultados do estudo, que envolveu 18 113 doentes de 44 países (117 dos quais portugueses), a ocorrência de AVC ou embolias sistémicas diminuiu 8% com a dose mais reduzida de 110 mg do novo produto e 34% com a dose de 150 mg, quando comparados com o remédio anterior. Já o risco de ter um AVC hemorrágico caiu respectivamente 69% e 74% em relação à varfarina, com a aplicação do medicamento nas diferentes doses e duas vezes por dia. O número de hemorragias graves na sequência do tratamento caiu 20% com a dose menor e apenas 7% com a dose maior de dabigatran. Ain- da assim, sempre abaixo do que acontecia com a varfarina, substância com mais de 50 anos. Também a mortalidade caiu 9% e 12% em relação com este produto, apesar da ligeira subida no nú- mero de enfartes e de algumas reacções adversas.(Diário de Notícias)
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